A decisão do governo federal de aumentar a mistura obrigatória de etanol na gasolina de 27% para 30%, a partir de 1º de agosto, gerou um debate sobre seus reais benefícios para o consumidor no Rio Grande do Norte. Enquanto o Ministério de Minas e Energia (MME) projeta uma queda de R$ 0,11 no preço do litro, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do RN (Sindipostos/RN) é cético.
Segundo o presidente do Sindipostos/RN, Maxwell Flor, a estimativa da Federação Nacional (Fecombustíveis) aponta para uma redução de apenas R$ 0,02, valor que dificilmente seria repassado ao consumidor final. “Além disso, se levar em consideração que o etanol consome mais, o motorista não vai conseguir economizar, porque o carro vai fazer menos quilômetros por litro. Na prática, a medida não é boa para o consumidor”, pontua Flor.
O economista Ricardo Valério acrescenta outra variável à equação: a concorrência com o açúcar. “A grande questão é que, muitas vezes, o produtor sofre a concorrência do açúcar. Pode ser mais atrativo exportar açúcar do que produzir etanol”, analisa, o que poderia impactar a oferta do biocombustível e, consequentemente, seu preço.
O governo, por sua vez, defende a medida como estratégica. O MME afirma que a mudança tornará o Brasil autossuficiente na produção de gasolina, economizando R$ 4 bilhões por ano em importações e gerando mais de 50 mil empregos.
A mudança também afetará o diesel, com o aumento da mistura de biodiesel para 15%. Nesse caso, Maxwell Flor alerta que o combustível ficará ligeiramente mais caro e com qualidade inferior.