A Justiça do Rio Grande do Norte condenou o município de Parelhas a pagar uma indenização de R$ 400 mil a uma paciente que perdeu a visão e o próprio olho após participar de um mutirão de cirurgias oftalmológicas realizado em setembro de 2024. Esta é a primeira decisão judicial sobre o caso, que afetou pelo menos outras 17 pessoas com sequelas graves.
A autora da ação, que buscou o mutirão para uma cirurgia de catarata, desenvolveu um quadro de endoftalmite, uma grave inflamação ocular, dias após o procedimento. Segundo o processo, ela sentiu fortes dores e teve secreção, mas não recebeu o atendimento adequado na rede pública. Quatro dias depois, seu globo ocular estourou, exigindo uma cirurgia de emergência para a sua remoção.
Na sentença, o juiz Wilson Neves de Medeiros Júnior fixou a indenização em R$ 200 mil por danos morais e R$ 200 mil por danos estéticos. O magistrado considerou a extensão do dano psicológico e o impacto na autoestima da paciente, que relatou não ter mais vontade de sair de casa após o ocorrido.
A decisão responsabilizou o município por não ter oferecido o suporte necessário à paciente na rede pública após a cirurgia, que foi realizada por uma empresa terceirizada. O fato de várias outras pessoas terem sido diagnosticadas com o mesmo problema reforçou a constatação de uma falha sistemática no serviço prestado.


